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Vacine-se, sim! – Jayme José de Oliveira

PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

VACINE-SE, SIM!

A luta para sobreviver num mundo povoado por feras, ambiente hostil e doenças insidiosas foi uma epopeia fenomenal para o homo sapiens. Nada pode se comparar. NADA!

Fisicamente frágil, lento se comparado com outros seres, apenas o cérebro – maravilha ímpar – poderia permitir sua sobrevivência.

A comunicação, principalmente após a descoberta da escrita, permitiu aos nossos ancestrais transmitir conhecimentos sobre armas, abrigos, cultura, religião e também formas de enfrentar doenças. Não apenas para os contemporâneos, também as gerações subsequentes, dando início à medicina.

O tratamento é essencial, a prevenção representou o atalho ideal. Se conseguirmos evitar as doenças, desnecessário tratá-las.

Mitridates (132 a.C. – 63 a.C.), Rei do Ponto, temendo ser envenenado como seu pai o fora, passou a ingerir doses mínimas de venenos, aumentando gradualmente as doses até se tornar imune.Na medicina, o processo recebeu a denominação de MITRIDATISMO. É o princípio básico para a obtenção de vacinas.

O sistema reticulo-endotelial nos dá capacidade de, entre outras coisas, reconhecer e combater micro-organismos. As vacinas estimulam esta capacidade e nos protegem do ataque insidioso por períodos variáveis e, em alguns casos (varíola, tuberculose…), permanentemente. É A MAIS EFICIENTE ARMA QUE POSSUÍMOS.

Eduardo Jenner, naturalista e médico britânico, descobriu em 1796 a primeira vacina: contra a VARÍOLA. Sua eficácia se comprovou de maneira cabal em 1980, quando foi erradicada a doença. Atualmente se conhece a existência de frascos de vírus, lacrados, apenas nos Estados Unidos e Rússia.

O vírus é conhecido desde 10.000 anos a.C. e, inclusive, o Faraó Ramsés II foi uma das vítimas. Ao longo da História a raiva ceifou 300 milhões de pessoas, a letalidade era e aproximadamente 30% dos infectados. A Aids, com 100% de letalidade quando não tratada (ainda não existe vacina) e o Ebola, 68,4% de letalidade (há 6 anos existe vacina), são as mais perigosas dos tempos modernos.

Mais corriqueiros, os vírus H1N1 e similares são controlados com vacinas aplicadas anualmente. Sarampo, raiva, hepatite A, hepatite B, tuberculose, febre amarela… são vacinas de aplicação corrente, algumas obrigatórias para viagens internacionais.

Por incrível que possa parecer, há resistências esdrúxulas à aplicação de vacinas e este fato dificulta o controle de pandemias. E não apenas a partir de pessoas que ignoram o mecanismo, eficiência e importância das vacinas como, também de profissionais inconsequentes. Podemos classifica-los como criminosos.

Andrew Jeremy Wakefield, um pesquisador e ex-cirurgião britânico publicou um estudo com conclusões equivocadas, em 1998, associando vacinas com o autismo. Perdeu o registro após ter sido condenado por má conduta profissional. O Conselho Geral de Medicina (GMC) considerou que agiu de forma “desonesta”, “enganosa” e “irresponsável”.

A prestigiosa revista “The Lancet” publicou uma retratação formal após a comprovação de ter falseado dados sobre a pesquisa.
Devido às irregularidades comprovadas, Wakefield não pode mais praticar a medicina na Grã-Bretanha.

Gente, se até profissionais de ponta como o médico supracitado publicam fakes escandalosos, não é de se admirar que leigos “entrem na onda”. Os prejuízos para a saúde mundial são de tal monta que podem ser considerados genocídios.

Gente, as vacinas erradicaram a varíola, estão em vias de transformar a poliomielite, o sarampo e outras doenças em pesadelos do passado. E será em breve o sucesso, mas atentem: se a população não colaborar, se não se vacinar em massa, todo o esforço, toda a dedicação que cientistas e profissionais da saúde serão inúteis. E o resultado? Milhões de mortes devidas a fake-news criminosas e a divulgações esdrúxulas, criminosas de tratamentos ineficazes, em vez de curar o que pode ser prevenido, causam efeitos colaterais danosos.

Devemos, TODOS, nos vacinar quando chegar a nossa vez. Só assim a pandemia poderá ser controlada.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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