alimentaçãobem-estarcriançasedicasesaúdeSaúde & Bem-estarsaúde mental

Veja as causas da compulsão alimentar em crianças

A compulsão alimentar é um distúrbio caracterizado pela ingestão excessiva de grandes quantidades de alimentos em um curto período, geralmente acompanhada de uma sensação de perda de controle sobre o que e quanto se está comendo. Ao contrário de uma fome física, essa condição é muitas vezes desencadeada por emoções como ansiedade, estresse ou tristeza.

Embora seja mais comum em adultos, também pode atingir crianças, que, diante de situações de estresse emocional, problemas familiares ou dificuldades escolares, podem recorrer à comida como forma de alívio ou compensação. Esse comportamento pode levar ao ganho de peso e a problemas de saúde, além de afetar o bem-estar emocional.

Para a psicóloga Valeska Bassan, especialista em transtornos alimentares, se, desde cedo, a alimentação é utilizada como forma de acalmar ou recompensar, isso pode reforçar o comportamento compulsivo. “Uma criança que, diante de frustrações ou estresse, é constantemente presenteada com doces ou guloseimas, pode começar a ver a comida como uma solução para lidar com as emoções”, alerta.

Sintomas da compulsão alimentar em crianças

É na infância que começa a formação de hábitos que podem acompanhar uma pessoa por toda a vida. É também nessa fase que alguns comportamentos, como as compulsões alimentares, podem se manifestar de forma sutil, mas com impactos profundos no bem-estar físico e emocional da criança que se estende conforme o crescimento. Para a psicóloga, reconhecer esses sinais precocemente é essencial para prevenir consequências futuras mais graves na adolescência e na vida adulta.

“Uma criança que come de forma exagerada, mesmo quando não está com fome e que ainda apresenta episódios seguidos de sentimentos como culpa, tristeza ou vergonha já pode ser um alerta de compulsão marcada pela perda de controle na hora de comer”, alerta a psicóloga.

criança comendo salada sentada em mesa com cadeira
Manter uma rotina alimentar pode ajudar a evitar a compulsão alimentar nas crianças (Imagem: OlesyaPogosskaya | Shutterstock)

Causas da compulsão alimentar na infância

A falta de rotina alimentar também é um fator que pode levar a episódios de compulsão. “A ausência de horários regulares para refeições e lanches pode gerar ansiedade em relação à próxima refeição, levando a uma ingestão exagerada de alimentos quando, finalmente, têm acesso à comida”, explica Valeska.

Não é à toa que o consumo de doces é indicado para crianças maiores de 2 anos. “Os alimentos ricos em açúcar, gordura e sódio também podem predispor a criança a comer compulsivamente, pois ativam o sistema de recompensa do cérebro, levando a uma busca constante por prazer imediato, tornando difícil para a criança parar de comer quando deveria”, diz a psicóloga.

Prevenindo a compulsão alimentar

Valeska afirma que estar atento aos sinais, manter um ambiente familiar acolhedor e buscar orientação de profissionais capacitados são passos importantes para garantir que a criança cresça com uma visão saudável sobre si e sua alimentação. “Os hábitos que são cultivados na infância têm grande influência sobre o futuro das crianças, tanto no aspecto físico quanto no emocional”, diz a especialista.

Tratamento para a compulsão alimentar

O tratamento da compulsão alimentar em crianças envolve uma abordagem multidisciplinar, com o objetivo de tratar tanto os aspectos emocionais quanto os comportamentais. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é amplamente utilizada para ajudar a reconhecer os gatilhos emocionais e a desenvolver estratégias para lidar com eles de maneira saudável.

O apoio psicológico, tanto individual quanto familiar, também é fundamental, pois muitas vezes o ambiente de casa desempenha um papel significativo no comportamento alimentar da criança. Nutricionistas podem auxiliar na reeducação alimentar, promovendo hábitos mais saudáveis e equilibrados. Em alguns casos, o acompanhamento médico pode ser necessário, especialmente quando a compulsão alimentar está associada a outras condições, como ansiedade ou depressão, que podem requerer tratamento específico.

Por Mayra Barreto Cinel

Comentários

Comentários