Jayme José de Oliveira

A VIDA é o maior espetáculo do Universo, pode-se até dizer que é a razão da sua existência. A vida é um processo dinâmico, o nascimento dá o “start” da viagem, infância, juventude, fase adulta, velhice e morte são as etapas. Cada uma tem a sua finalidade, seus picos de relevância e os escolhas que ameaçam o sucesso da jornada.

Desde sempre o tempo que medeia entre o nascimento e a morte foi uma preocupação fundamental, a imortalidade um sonho aparentemente inatingível. Os humanos sempre procuraram por todos os meios contestar o que parece ser irrecorrível.

Matusalém, um patriarca bíblico presente no judaísmo, no cristianismo e no islamismo teria vivido 969 anos.

Aasverus, o Judeu Errante, empurrou e ofendeu Jesus quando o Salvador se dirigia ao Calvário para ser crucificado. Jesus, como resposta, teria lhe condenado à eterna penitência de esperar seu regresso vagando pelo mundo sem descanso, sem nunca morrer, até o fim dos tempos.

Ponce de Leon, em 1493, sai da Espanha rumo à América, acompanhando Colombo em sua segunda expedição. Procurou a Fonte da Juventude perseguindo uma lenda que se revelou irreal.                                                               Outras lendas e crenças houve, nenhuma comprovada.

A velhice, considerada universalmente como o declínio irreversível da existência será, caso não haja sucesso na empreitada dos que a contestam, classificada como “doença” na Classificação Internacional de Doenças (CID), em 1º de janeiro de 2022. Protestos retumbam em todos os cantos. Mas, afinal de contas, qual é o limite da vida humana para que possamos localizar a velhice?

Na época de Cristo, poucos ultrapassavam os 40 anos.

Em 1900, nos países mais ricos da Europa e nos Estados Unidos a perspectiva de vida era 50 anos.

Nos Estados Unidos, as mulheres passaram a viver 79 anos em 1995.

As francesas, 80 anos em 1987; as japonesas, 83 anos.

No Brasil e nos países em desenvolvimento, saltou de 40 para 70 anos.

Aqui vale ressaltar que o conceito de sexo frágil atribuído às mulheres não encontra justificativa biológica, o organismo feminino foi desenvolvido para durar mais, basta verificar que há um número maior de viúvas. Em todos os países a vida média dos homens é, pelo menos, dois ou três anos inferior ao das mulheres.

Em 2009, Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak foram agraciados com o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta da enzima TELOMERASE que permite regenerar os TELÔMEROS encurtados nas divisões celulares por mitose. Qual a importância disso? Em cada divisão celular por mitose, as extremidades dos cromossomos que são protegidos por proteínas – como os cadarços dos tênis, por extremidades plásticas – perdem parte dessa estrutura. Após uma série de divisões os telômeros se esgotam, os cromossomos não podem mais se multiplicar e a célula morre. Antes disso passa por um processo de envelhecimento, facilmente verificável na pele das pessoas idosas.

A telomerase repõe os telômeros perdidos e os cromossomos recuperam sua capacidade de multiplicação. Teoricamente este fatopode permitir a multiplicação infinita das células sem que envelheçam e… abre a possibilidade da vida eterna. Na prática espera-se estender a vida média dos humanos até 120-150 anos nas próximas décadas.

ISTO NÃO É FIÇÃO, é um primeiro passo, não podemos prever até onde chegaremos. “Uma jornada de mil milhas inicia com o primeiro passo”.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com

Cirurgião-dentista aposentado

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