Velopark e teleférico

Sou aficionado por corridas automobilísticas. Nos anos em que trabalhei em São Paulo, tive a grata satisfação de conhecer o autódromo de Interlagos e acompanhar algumas corridas da Stock Car e da Fórmula Um. A paixão pelo barulho dos motores mistura-se com a empolgação dos organizadores, dos vendedores, dos expositores, dos pilotos e, claro, da platéia. O clima de euforia num destes ambientes de corrida é realmente contagiante. As pessoas transpiram alegria e animação.

No final de semana do dia 06.11, estive no Velopark, ali em Nova Santa Rita, às margens da 386. Quem tiver curiosidade para conhecer o maior parque de automobilismo do Estado pode acessar o sitio www.velopark.com.br e descobrir a grandiosidade de um empreendimento originado pelo sonho de alguns empreendedores corajosos.

O que se pode perceber, ainda visitando o sitio, é que em todos os finais de semana existem atividades: corridas de arrancada, campeonatos de kart, cursos de direção perigosa e defensiva, etc. No autódromo daquela pequena cidade de 22 mil habitantes existem, além da pista principal, uma pista para quilômetro de arrancada (onde correm aqueles carros excêntricos compridos), um circuito oval e duas pistas de kart que podem ser ligadas e transformam-se na maior pista aberta de kart da América Latina.

Fico muito curioso para descobrir o quanto este empreendimento representa na formatação da arrecadação daquele município. O estacionamento, que tem capacidade para 5.500 carros, fica completamente lotado com carros que vem de todas as regiões do Estado. Além disso, o automobilismo é um esporte direcionado para quem tem um poder aquisitivo mais elevado, o que representa que todos aqueles ‘turistas’ deixam uma boa grana em ingressos, compras de presentinhos, lanches, bebidas, etc. Sem contar na rede hoteleira e em toda a cadeia de apoio direto à corrida (mecânicos, comércio de peças, pneus, combustíveis, brindes, camisetas, bonés, etc).

Em Osório, que tem o dobro da população de Nova Santa Rita e por onde passam 30 milhões de turistas durante os meses de verão, parece que este projeto é nada mais do que um sonho. Para todos que falo sobre isso tratam como se isso fosse algo impensável.

Também, para uma cidade que aprendeu a fazer piada com o tal teleférico tão largamente anunciado e tantas vezes adiado, não há muito o que se esperar.
Mas o Velopark não foi construído pela municipalidade. A prefeitura de Nova Santa Rita pode ter contribuído com terraplanagem e outras questões relacionadas à infraestrutura.

Mas lá a iniciativa e a administração do empreendimento são privadas. Foram alguns empresários que tomaram a frente e foram atrás de recursos para colocar em prática um sonho, que virou projeto e que agora é uma grata realidade. Há quem diga que tem verba pública oriunda de corrupção… Mas disto eu não tenho provas ou informações concretas.

Em Osório já tivemos empresários dispostos a bancar o tal teleférico. Mas parece que aqui os pais da idéia querem que a iniciativa e a execução sejam do poder público municipal, nem que isso represente uma espera de duas décadas.

Alguns justificam este freio puxado à nossa colonização, alegando que português fala muito e não faz. Outros dizem que Osório está andando de lado, como carangueijo. Há 30 anos atrás tínhamos dois cinemas em Osório, mas agora precisamos ir à Capão, Tramandaí ou Porto Alegre se quisermos apreciar a Sétima Arte.

Não sei quando teremos empreendedores com coragem para investir num autódromo em Osório, ou no teleférico, ou num Shopping Center. Mas acredito que alguém, em algum momento, vai ter a cara e a coragem para soltar o freio de mão desta cidade para que Osório volte a representar o centro regional que já foi um dia.

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