Vento atingiu 151 km/h no RS: MetSul responde se foi um furacão

Foto arquivo: Furacão Irma, o mais forte já registrado no Oceano Atlântico Divulgação/Nasa

O ciclone que impactou várias cidades do Rio Grande do Sul na quarta e quinta-feira, trouxe ventos com mais de 150km/h.

Conforme levantamento da MetSul Meteorologia a partir de diferentes redes de estações de monitoramento, as rajadas atingiram 151 km/h em São Francisco de Paula, 148,1 km/h em Cambará do Sul, 146,3 km/h em Rio Grande, 133,0 km/h em Imbé (Ceclimar), 104,4 km/h em Cachoeira do Sul e 100,4 km/h em Canguçu.

Com rajadas tão intensas e destrutivas no Sul do Brasil, naturalmente, muitas pessoas se indagaram de o porquê da Meteorologia não designar o ciclone que passou pela região como um furacão, afinal a força das rajadas em alguns locais teve sim força de furacão.

Então, para entender, a MetSul responde.

Não é a força do vento exclusivamente que vai designar a nomenclatura de um sistema meteorológico.

Um temporal isolado com vento de 140 km/h em parte de uma cidade, como o que atingiu Porto Alegre em janeiro de 2016, por óbvio, não será chamado de um furacão.

Furacão é um ciclone tropical em que o vento máximo sustentado na superfície (usando a média de 1 minuto dos Estados Unidos) é de 64 nós (119 km/h) ou mais.

O termo furacão é usado para ciclones tropicais que preencham este critério no Atlântico Sul e no Hemisfério Norte da Leste da Linha Internacional de Data até o Meridiano de Greenwich. O termo tufão é usado para ciclones tropicais do Pacífico ao Norte do Equador, a Oeste da Linha Internacional de Data.

Então, de pronto se vê porque o ciclone que causou destruição no Sul do Brasil não pode ser chamado de furacão. Furacão é ciclone tropical e o que tivemos foi um ciclone extratropical.

Ciclones podem ser extratropicais (centro de baixa pressão com perfil frio), subtropical (centro da baixa pressão com características extratropicais e tropicais), e tropicais (centro de baixa pressão com perfil quente).

Os sistemas mais intensos ou que causam mais danos costumam ser os tropicais, quando atingem o status de furacão, e os extratropicais que experimentam uma intensificação muito rápida (ciclogênese explosiva) ou ocorrem muito perto da costa, o que foi o caso do ciclone de 15 e 16 de junho assim como de agora.

Mas tem mais. Em um furacão, o que define a classificação do fenômeno é o vento máximo sustentado que precisa ficar acima de 119 km/h. Não são as rajadas.

No ciclone de agora, houve rajadas com força de furacão, mas não vento sustentado de furacão.

E há um terceiro ponto, além de ter sido extratropical e não ter tido vento sustentado mínimo, que não remete à classificação de um furacão.

A ciclogênese deste ciclone extratropical das últimas horas se deu sobre terra, ainda no continente. Furacões não se formam sobre terra e sim sobre oceanos, de onde retiram a energia.

O único furacão documentado no Atlântico Sul foi o Catarina, que tocou terra no Sul de Santa Catarina e na região de Torres entre os dias 27 e 28 de março de 2004.

Tratou-se de um furacão categoria 2 na escala Saffir-Simpson, um evento único na climatologia da América do Sul e que deixou onze mortos e prejuízos à época de meio bilhão de dólares ou um bilhão de reais.

Catarina continua sendo o único ciclone tropical com força de furacão já observado no Oceano Atlântico Sul (registros contínuos confiáveis e relativamente abrangentes só começaram com a era dos satélites nos anos 1970). Outros sistemas atípicos tropicais foram observados, mas só o ciclone de 2004 teve força de furacão.

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