Sergio Agra
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A violinista no retrato – Sérgio Agra

A VIOLINISTA NO RETRATO

Nas semanas que compreenderam a finaleira deste 2021 graças unicamente aos esforços deum inato e natural perguntador de suas origens— no caso,o curioso justamente sou eu—, descobri no Face Book o Grupo Família Agra, para o qual seu administrador não tivera a sensibilidade em me convidar. Talvez seja ele um dos Agra que me tenha na conta de publice ingrata persona (pessoa politicamente não benvinda). Mas isso será pauta de outra crônica, “Dourando a Pílula dos Agra”.

O que encontrei naquela plataforma doFaceBookfora um bem organizado relicário virtual—que não deveria ser tão somente um “parque jurássico”, que não aceite o contemporâneo, o pós-modernidade — com fotos desde meu trisavô, José Antônio Gonçalves Agra— um dos irmãos Agra portugueses que se instalaram, respectivamente, em Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul—, o bisavô, José Antônio Gonçalves Agra Filho, o Coronel Agra, até a geração atual dos Agra, em que pese eventuais descendentes do Coronel por força de matrimônios tenham perdido o “pedigree”, passando a assinarem sobrenomes outros que sequer eu saiba quem são.

Não vou esgotar minhas linhas dissertando sobre genealogia e sim dizer do espanto, quase susto, que me acometeu ao deparar com a fotografia do elegante jovem Saturnino Gonçalves Agra, meu avô, ao lado de uma delicada menina. Espanto porque o primeiro pensamento fora o de vislumbrar no retrato meu pai no que hoje é conhecido como photoshop, tamanho a parecença entre aqueles pai e filho.

Quanto à angelical criança, descobri — graças unicamente à memória privilegiada de meu primo, Celso Agra Hassen (vez que o administrador do Grupo, não retornou a nenhuma das três indagações que lhe fiz. “Negacionismo”?), ser ela a primeira sobrinha de meu avô.Assim, recorro à “licença poética” e conto a história da violinista do triste olhar.

Diz a Lenda…

Analisei com inusitada atenção a expressão daquela doce menina. Dolores, Dolores Agra. Ela assim se chamava. Acolhia em seu colo virginal o violino com ingênua leveza, com a convicção de que na simbiose ambos formavam uma única unidade. Seu olhar, no entanto, mirando o vazio infinito traduziam premonitoriamente— como seu próprio nome, Dolores/Dores—, a melancolia, o desencanto que seu casamento com um troglodita general prussiano decretaria para todo o sempre o silêncio dos virtuosos acordes daquele delicado violino como se fora este o instrumento das magas e das feiticeira ardendo na fogueira da Inquisição marital.

Dores sublimoutodas suas Dolores na consagração do também virtuose Stjepan Hauser que executouAdagio, Waltz No2, de Albinoni,somente para uma espectadora…

…Dolores/Dores Agra

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