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Anatel avalia que testes com rádio digital estão incompletos

A Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel) ainda não tem condições de indicar o modelo de rádio digital a ser adotado no país, com base nos testes já realizados por diversas emissoras. Há dois anos, 21 rádios testam o padrão norte-americano In Band on Chanel (Iboc) e o europeu DRM. Para a Anatel, no entanto, essas experiências estão incompletas e a Agência pode pedir novas pesquisas.

Ontem (11), durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o representante da Anatel, Ara Apkar Minassian, defendeu que os testes não demonstram a possível interferência dos sistemas digitais em rádios com sinal analógico nem o alcance da freqüência das emissoras com qualquer dos modelos. A Anatel, explicou, quer garantir que o novo sinal não afetará as rádios analógicas durante o período de transição.

“Ninguém conseguiu responder se uma rádio analógica, hoje com alcance de 70 quilômetros, cobrirá com o sinal digital essa mesma distância ou se parte dos ouvintes ficará sem o sinal”, afirmou Minassian, que é superintende do Serviço de Comunicação de Massa da Anatel.

A digitalização, segundo ele, pode tirar emissoras do ar. Por isso defendeu a importância das pesquisas para a busca de medidas de precaução. Como o alcance ainda não foi avaliado e “os relatórios não foram apresentados de forma conclusiva, podemos pedir testes adicionais”.

Na semana passada, a Anatel recebeu relatórios de testes de seis emissoras com os dois sistemas. Hoje, durante a audiência pública, o representante da Rádio Bandeirantes, Flávio Lara Resende, revelou que com o modelo europeu (DRM) não é possível manter a transmissão digitalizada na mesma faixa e no mesmo canal. Ou seja, com a transição o ouvinte poderá não encontrar suas emissoras favoritas no visor dos aparelhos.

“Depois de dois anos de testes, observamos que os modelos [Iboc e DRM] não funcionam da mesma maneira. Percebemos que no Iboc dá para operar com a mesma freqüência tanto no sistema analógico quanto no digital”, apontou.

Resende informou ainda que a Rádio Bandeirantes considera o modelo americano melhor, mas defendeu que a opção não é conclusiva e que a escolha do padrão deve ser feita sem pressa pelo governo. “Se pudéssemos adiar essa escolha nós o faríamos”, acrescentou.

O resultado dos testes feitos pela Rádio Bandeirantes é referendado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), cujo representante, Ronald Barbosa, lembrou que a transmissão simultânea (analógica e digital) com o modelo europeu sofre mais interferência. Quinze emissoras filiadas à Abert testam os dois sistemas.

Os resultados já apresentados, no entanto, não correspondem à expectativa da Anatel. “Até onde sabemos, os modelos norte-americano e europeu operam da mesma forma. Dependendo da configuração, operam na mesma freqüência e no mesmo sinal”, rebateu Minassian, ao informar que outros países obtiveram sucesso nos testes com o DRM.

Ele disse ainda que devido à falta de subsídios técnicos para os testes podem ser pedidos novos estudos a instituições de pesquisa e universidades. O prazo para as emissoras apresentarem os resultados terminaria nesta semana, mas foi prorrogado  e algumas delas só o farão em abril de 2008. Esses resultados irão a consulta pública.Em agosto, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse que a escolha do sistema digital não será feita antes da entrega e da análise dos testes com o modelo americano e que não pretende esperar o resultado das pesquisas com o europeu, que estariam atrasadas.

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