Charles Darwin 4 – Jayme José de Oliveira

Jayme José de Oliveira

PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

CHARLES DARWIN 4

Nos oceanos de muitos mundos as moléculas eram destruídas pela luz e remontadas pela química. Um dia, fruto dessas experiências naturais, surgiu por acaso uma molécula que era capaz de uma reprodução grosseira de si mesma. Com o passar do tempo essa replicação se tornou mais precisa. As moléculas que copiam melhor produziam mais cópias, a seleção natural estava em curso, máquinas moleculares elaboradas tinham se desenvolvido. Lenta e imperceptivelmente a vida começara.

Coletores de moléculas orgânicas evoluíram para organismos unicelulares, estes produziram colônias multicelulares e suas várias partes se tornaram órgãos especializados. Algumas colônias prenderam-se ao fundo do mar, outras nadaram livremente. Desenvolveram-se olhos e agora podem ver. Seres vivos saíram do meio líquido para colonizar a terra. Os répteis dominaram por um tempo, cederam lugar para pequenas criaturas de sangue quente, com cérebros maiores, que desenvolveram a destreza e a curiosidade sobre o seu meio ambiente. Elas aprenderam a usar ferramentas, o fogo e a linguagem. A matéria estelar tinha chegado à consciência.
O homo sapiens, a maravilha do Universo, iniciou sua jornada e nada conseguiria impedir a sua ascensão que não tem limites. Até as regras que determinam como as variantes podem ser criadas foram subvertidas.
Possibilitou-se miscigenar genes de espécies diversas, inclusive de animais multicelulares com unicelulares e até vegetais. Os TRANSGÊNICOS se tornaram uma realidade.

O QUE É ENGENHARIA GENÉTICA E QUAIS AS SUAS APLICAÇÕES?
A engenharia genética é um conjunto de técnicas capazes de manipular genes. Engloba uma diversidade de conhecimentos científicos, como os conhecimentos no campo da genética, da biologia molecular e da bioquímica. As técnicas da engenharia genética tiveram sua fase de maior desenvolvimento a partir da década de 1970.

Um exemplo é a produção de insulina humana através do uso modificado de bactérias, fato que permite a diabéticos alérgicos à insulina obtida de pâncreas animais seu uso seguro.No início da década de 80, os avanços da engenharia genética permitiram o desenvolvimento da insulina humana sintética, produzida a partir de bactérias, especialmente a Escherichia coli. O gene para a insulina humana foi inserido no DNA de bactérias, resultando na chamada insulina de DNA recombinante.
O QUE SÃO AS PLANTAS TRANSGÊNICAS?
Plantas transgênicas são plantas que contêm um ou mais genes introduzidos por meio da técnica de transformação genética. Em seguida, esta célula se multiplica e origina uma nova planta, carregando cópias idênticas do gene. As plantas transgênicas são também chamadas de organismos geneticamente modificados (OGM).
As plantas transgênicas estão presentes nas lavouras de mais de 70 países, distribuídos por todos os continentes. Essas plantas fazem parte de muitos alimentos industrializados, além de poderem ser consumidos in natura. Além disso, essa tecnologia permitiu aumentar a oferta de alimentos a preços acessíveis e produzidos de forma sustentável.

Charles Darwin 4 - Jayme José de Oliveira

O gene que contém a característica de interesse é identificado e selecionado;
Esse gene é isolado e inserido no genoma da planta;
Avaliação da eficiência e biossegurança da planta transgênica;
Aprovação da planta transgênica pelo órgão responsável de cada país.

Abobrinha, ameixa, algodão, berinjela, beterraba, cana-de-açúcar, canola, feijão, mamão, milho e soja são exemplos. Soja, milho, algodão e canola compõem 99% de toda a área plantada com transgênicos no mundo. No Brasil, apenas as plantas de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar são cultivadas.

Pesquisas de opinião nos Estados Unidos e na Europa indicam que a resistência aos OGMs tem caído, refletindo, talvez, uma tendência de gradual mudança de posição da percepção pública.
As principais academias de ciências do mundo e instituições como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) são unânimes em dizer que os transgênicos são seguros e que a tecnologia de manipulação genética realizada sob o controle dos atuais protocolos de segurança não representa risco maior do que técnicas agrícolas convencionais de cruzamento de plantas.

ARROZ DOURADO PROVOCA DEBATES.
(Amy Hamond, do New York Times):

Numa ensolarada manhã de agosto, 400 manifestantes derrubaram as cercas em torno de uma lavoura na região filipina de Bicol e, uma vez lá dentro, arrancaram do chão os pés de arroz geneticamente modificados.

Se as plantas tivessem sobrevivido o suficiente para amadurecer teriam revelado um tom distintamente amarelo na parte do grão que deveria ser branca. Isso porque o arroz possui dois genes do narciso, uma flor, e outro de uma bactéria, fazendo dessa a única variedade existente a produzir betacaroteno, fonte de vitamina A.
Seus desenvolvedores o chamam de “arroz dourado”.

O arroz dourado foi geneticamente modificado para produzir betacaroteno,fonte de vitamina A, porém há quem tema e se oponha ao seu cultivo. As preocupações manifestadas pelos participantes no ato que resultou na destruição de um campo experimental nas Filipinas são comuns quando se discute os méritos dos produtos agrícolas geneticamente modificados.

São elas também que resultaram em protestos semelhantes a outros produtos transgênicos nos últimos anos: uvas concebidas para lutar contra um vírus letal na França, trigo criado para ter um menor índice glicêmico na Austrália e beterrabas açucareiras preparadas para tolerar um herbicida no Oregon, EUA.

O arroz dourado não pertence a nenhuma companhia específica. Ele está sendo desenvolvido por uma organização sem fins lucrativos, chamada Instituto Internacional de Pesquisa do Arroz, com o objetivo de oferecer uma nova fonte de vitamina A para pessoas que tem no arroz sua principal fonte de calorias em muitos lugares de um mundo onde metade da população come arroz diariamente.

A falta da vitamina A, nutriente vital, causa cegueira em 250 mil a 500 mil crianças por ano. Ela afeta milhões de pessoas na Ásia e na África e enfraquece tanto o sistema imunológico que 2 milhões morrem por ano de doenças que, em outras circunstâncias não seriam fatais.

A destruição de uma lavoura experimental e as razões apresentadas para isso incomodaram cientistas no mundo todo motivando-os a reagir às alegações acerca dos riscos sanitários e ambientais dessa tecnologia.

O arroz foi aperfeiçoado desde então: uma tigela contém atualmente 60% da necessidade diária de vitamina A para uma criança saudável.
Se esse arroz obtiver aprovação do governo filipino, ele não custará mais do que outras variedades para os agricultores pobres, que estarão liberados para replantar as sementes.

O potencial para aliviar o sofrimento é tudo o que importa.

“Essa tecnologia pode salvar vidas. Mas falsos temores podem destruí-la”.

Após uma longa batalha entre a comunidade científica e os negacionistas, os dados da ciência prevaleceram e o arroz dourado foi sendo aprovado para comércio em países como Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Estados Unidos e, inclusive, Filipinas. Contudo, para que a produção de arroz dourado fosse iniciada ainda faltava a aprovação para cultivo comercial.

O arroz dourado está perto de chegar ao consumidor após 20 anos.

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA:

Em 21 de julho de 2021 o governo Filipino concedeu tal permissão e assim os agricultores filipinos se tornarão os primeiros no mundo a cultivar o arroz dourado.
FICÇÃO CIENTÍFICA OU REALIDADE?

Realidade que lembra ficção. A produção, a venda, e o consumo do salmão transgênico foi aprovada pela rigorosa FoodandDrugAdministration, dos EUA, a FDA.
A criatura é uma produção da empresa AquaBonty. Ela colocou no salmão atlântico o DNA do salmão real, uma espécie gigante oriunda do Pacífico. A grande vantagem da espécie modificada é que ela cresce mais rapidamente que as outras: em um ano e meio atinge o tamanho típico dos três anos, que é o exigido pelo mercado. A nova espécie foi batizada como AquAdvantage. De acordo com o site da empresa, “somos uma pequena empresa com uma visão ousada. Queremos aumentar o número do melhor salmão do Atlântico. Um peixe que é nutritivo, delicioso, fresco e acessível”.

A conceituada revista científica, Nature, considerou a decisão da FDA como “histórica”. A revista explica que a empresa AquaBonty “esperou 18 anos, e 60 milhões de dólares em investimentos, até conseguir o OK da FDA”. A decisão desagradou inúmeras ONGs.

Por mais que se oponham ao progresso, organizações como o Greenpeace não conseguirão seus objetivos,.

ALIMENTAR A POPULAÇÃO CRESCENTE NO MUNDO DE MANEIRA CRITERIOSA É FUNDAMENTAL PARA MILHÕES DE PESSOAS CARENTES.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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