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Família

No dia 20 fez quarenta anos que conheci a Ana Maria, num carnaval do Clube Apolo, em Cacequi.

Nesta oportunidade quero  agradecer da maneira mais clara possível pelos presentes que ela  me  deu, neste período, e que ficarão para sempre, dentro do mais profundo espaço  meu coração e de meu ser, guardados como tesouros, sem preços.

Estes presentes são representados pelos nossos filhos Magda, André e Paulo, os quais nos completaram para que pudéssemos formar a Nossa Família. Depois, chegou a Vanessa que, juntamente com Paulo nos deram o Arthur,  cujos olhos são como luzeiros, clareando  a escuridão das noites e cuja voz é como uma canção convidando ao amor e à felicidade.

Esta família, já foi maior, pois era constituída, ainda, pela  minha sogra a dona Maria Helena e pela Getulia, irmã de  coração da Ana.

A minha sogra  partiu, pelos caminhos de Deus  ficando, conosco, a Getulia, irmã e guardiã dos nossos filhos e de nós.

Durante estes anos, agregamos outros seres a nossa família de forma que continuamos, ainda, uma grande família.

O membro mais velho  da nossa família simbiótica é a Margarida a gata mais linda  do Rio Grande e que eu ganhei de aniversário da Família  dos meus grandes amigos João e Zuleika Matos. Chegou o Elvis, o labrador. Mais conhecido do que  mascate de campanha,  em Petrópolis, Bela Vista e em Capão Novo. A última a se juntar a nós, presente da filha Magda,foi a Rita Lee, que é uma caturra  faladeira e que vive  a se meter nas conversas da gente…

Em fim somos hoje, uma família de onze  membros( gente, gato, passarinho e cachorro). E nos amamos de maneira muito especial e temos um pacto de honra que é representado pela  união de nós todos em defesa  de cada um, como seres individuais e de todos nós como coletividade e como família.

Durante todos estes anos, não foram poucas as adversidades que atravessamos que resumidas poderiam ser representadas pela tristeza de termos acompanhado grande parte da ditadura  em nosso país, sofrendo, como todas as famílias, as suas conseqüências.

Atravessamos os caudalosos rios de crises financeiras e navegamos nos tormentosos mares da doença e da morte e conseguimos retornar, em todas as situações, ao porto, com nossa embarcação em boas condições. Algumas vezes, precisando de reparos, mas sempre pronta para novas viagens. Para novos desafios em quaisquer águas.

Hoje, ainda, o barco do  nosso casamento  com a tripulação de nossa família, não navega em calmas enseadas. Somos, quase sempre, levados pelo vento da vida aos perigos das grandes ondas que acontecem nos tempestuosas vagas, destinadas ao grandes e corajosos navegadores…….!

Temos a certeza de que os laços de amor que unem a nós dois e unem e à nossa tripulação são por demais sólidos para se abalarem com as investidas do destino, sejam elas de que natureza for.

Mas o que eu queria dizer mesmo e o digo agora, Ana, é que valeu a pena eu ter deixado de declamar Martin Fierro, acompanhado aos acordes de violões pela noite de Porto Alegre. Valeu a pena eu ter deixado de tomar a “saidera “, no bar do Português embaixo do viaduto da Borges. Valeu a pena  eu ter jantado contigo, numa distante noite de  1977, no antigo bar O Braseiro, na Jerônimo Coelho, logo depois da Borges, ao lado do Hotel Savoy.

Valeu a pena depois da janta, enquanto íamos assistir, no Plenário da Assembléia Legislativa ao Noel Guarani e ao Cesar Passarinho, eu ter tido a cara de pau de te perguntar se tu querias casar comigo e ter recebido a corajosa resposta: Eu aceito!

Este texto  é o meu singelo presente  de agradecimento, pelos 40 anos em que, navegando juntos, construímos nossas vidas e constituímos nossa maravilhosa família independente das dificuldades, dos sofrimentos e das angústias, que somadas resultaram em uma grande poção de mágica felicidade.

Para finalizar quero que tu leias o poema, repetido poema, que diz o que quero te dizer, todos os dias…

VISITA

Chegastes em minha vida,
como uma brisa mansa
após um temporal pampeano…
e desde então minhas manhãs são claras,
meus dias tem muitos sóis
e minhas tardes se tingem de mil cores
para saudar os meus crepúsculos.

As minhas noites sempre tem luas
daquelas que por tão claras e
por tão lindas, nos prendem o olhar aos céus
e nos permitem ver, na terra, o balançar dos pastos.

E tens permanecido, assim como minha luz,
a me apontar caminhos e a me afastar das sombras,
como um farol a orientar os nautas.
ou como um sinal secreto a me mostrar os rumos,
como uma bússola a me apontar o norte,
ou como uma raro amigo a me ofertar a mão.
E sei, que  por fatal destino,
um dia eu me apartarei de ti.
Por tu partires ou por eu partir.
mas haverá de ficar entre nós dois ,
um livro aberto para contar a história.
A tua história, na qual fui personagem,
vassalo, ou servidor, talvez teu pagem
e a minha história na qual tu foi  rainha.

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