Fuzis e carros – máquinas de morte

No Afeganistão um soldado americano em estado alterado de consciência dispara seu fuzil de ultima geração e mata dezesseis civis. O mundo todo sabe desta noticia. Diante da magnitude do incidente o presidente Barak Obama pede desculpas às autoridades Afegãs. O povo do Afeganistão chora seus mortos e alguns fundamentalistas religiosos declaram que  a vingança é a única saída possível para fazer justiça !!!

No Rio grande do sul, coincidentemente, no fim de semana de 09 a 11 de março deste ano de 2012, percorrendo as nossas  estradas e ruas de nossas cidades,  carros envolvem-se em acidentes produzindo vinte e uma mortes.

No Afeganistão em defesa da “democracia” e de outros interesses americanos, os soldados ocupam o território e acreditamos que mesmo sendo protagonistas da ação, sofram as  mais variadas pressões psicológicas que os levam a atitudes que podem derivar em desvios da conduta de seres humanos para enveredarem pela postura de feras matadoras.

Nas estradas e nas ruas das cidades do Rio Grande do Sul não se tem muito bem definida que espécie de guerra estamos vivendo, pois os condutores dos veículos envolvidos em acidentes com  resultado morte são homens e mulheres devidamente habilitados, para dirigirem, e com a presumível experiência e maturidade para a preservação da sua vida e da vida de seus acompanhantes.

A maioria dos acidentes acontece em viagens ou deslocamentos a passeio, com a devida ausência de estresse ou pressa de chegar-se ao destino.

Fiz este exercício de comparação entre as mortes do Afeganistão ocupado e as mortes do transito do Rio Grande do Sul, nas estradas e nas cidades, para que os meus leitores constatem que o nosso trânsito mata mais que um soldado enlouquecido portando um fuzil de ultima geração. Enquanto o ato do soldado fora de si, merece a atenção do Presidente dos Estados Unidos através de uma desculpa formal para com o presidente e para com as famílias do país em luto, as nossas mortes não merecem um reflexão mais efetiva de nossas autoridades e se somam as que aconteceram nas semanas anteriores para virarem estatísticas apresentadas em programas de retrospectos de final de ano.

Os familiares dos mortos em nossas estradas e em nossas ruas, sentem a mesma dor, a mesma angustia e o mesmo sentimento de impotência dos familiares dos mortos no Afeganistão. Ambas as famílias e comunidades a que pertencem os mortos, sentem-se diminuídas nos seus núcleos e seus corações ficam constrangidos e sofridos ante as perdas irrecuperáveis.

Mas sobre o Afeganistão nos resta, como seres humanos, sermos solidários e compartilharmos suas dores, mesmo que a distancia.

Agora, com os acidentes e com os mortos do Rio Grande do sul nós como cidadãos temos o dever de achar uma solução.

Temos o dever de pressionar os poderes públicos de nosso estado para que deixe de tratar  os acidentes como elementos de estatística e passem a vê-los como um problema crucial que merece a atenção urgentes das autoridades constituídas.

Temos o dever de pressionar os poderes públicos para que estabeleçam programas e medidas que, imediatamente, reduzam as incidências de perdas de vidas de forma banal e cotidiana que, por assim ser,  já não causam qualquer abalo na consciência de nosso Estado.

E o pior é que por estas mortes, gratuitas mortes, nas nossas ruas e nas nossas estradas, ninguém pede desculpas…

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