Governo pretende ampliar distribuição de camisinhas nas escolas públicas
Os estudantes de ensino médio de todo o país devem ter mais acesso ao único método de prevenção da Aids e das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). De acordo com o ministro da Saúde, Agenor Álvares, o governo federal pretende ampliar a distribuição de preservativos nas escolas públicas.
A diretora do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, afirma que, até o final do ano, o governo planeja distribuir preservativos em 25% das escolas de ensino médio. Em 2005, esse índice ficou em 16,9%.
Ao todo, serão oferecidas 100 milhões de camisinhas de 49 mililitros (tamanho menor e mais adaptado a adolescentes) a estudantes em todos os estados.
O ministro da Saúde diz que o formato da distribuição dos preservativos ainda está em debate. Ele confirmou, no entanto, que podem ser utilizadas máquinas semelhantes às de venda de refrigerantes. “Vamos debater esse tema com a sociedade e ouvir todos os argumentos”, salienta.
“A iniciação sexual entre os 12 e os 13 anos de idade já é um fato consumado. Agora, a gente tem de trabalhar com essa realidade até porque está cientificamente comprovado que a transmissão do HIV, nessa faixa etária, se dá principalmente pelas relações sexuais.”
A pesquisa apresentada ontem (6) pelo Ministério da Saúde não demonstrou que o fornecimento de preservativos pelas escolas acarrete aumento na incidência de sexo entre os jovens.
Feito em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) no Brasil, o levantamento revelou que 89,5% dos estudantes entrevistados apóiam a oferta de camisinhas nos colégios públicos. Em contrapartida, a proporção de alunos com vida sexual ativa é de 44,7%.
O estudo avaliou as opiniões sobre o projeto Saúde e Prevenção das Escolas (SPE), executado pelos Ministérios da Saúde, da Educação e pela Organização das Nações Unidas (ONU), em escolas públicas de 14 estados. Os pesquisadores ouviram tanto estudantes de escolas participantes do programa como de colégios que ainda não aderiram ao SPE.
O coordenador do Grupo Educar para a Vida, Fernando Alves, 21 anos, apóia a distribuição de preservativos. A organização não-governamental em que ele trabalha atua na prevenção de DSTs e na educação sexual de jovens no Distrito Federal.
Alves ajudou a organizar o SPE numa escola de Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal a 20 quilômetros de Brasília. Para ele, a distruibuição de camisinhas só tem validade porque vem acompanhada de programas de educação sexual.
“O preservativo é a última etapa do projeto”, esclarece Fernando. “Antes de fornecer camisinhas, a gente trabalha a sexualidade, procura melhorar a auto-estima dos jovens e ajuda a prevenir a gravidez na adolescência.”