Sim, também se morre no Sírio Libanês!
Num só golpe de foice, mesmo amargando derrota numa malfadada estratégia anterior na Câmara e no Parlamento, coincidentemente nutridos, no mesmo dia, por substancial aporte de pecúnia, a dupla abriu a porteira para a vinda de quatro mil médicos(?) cubanos, dispensada a legal prova de revalidação, bastando o “diploma” (autêntico?). Não bastasse isso, ela sancionou com vetos o Ato Médico, abrindo um leque aos mais diversos profissionais da área da saúde de emitir diagnóstico e prescrtever tratamento, o que, até então, era privativo dos médicos.
Sem entrar no mérito de que estes profissionais demonstrem claramente não exercer suas funções nos mais distantes grotões do país, de que valeria o contrário se, apenas com um bloco e caneta médico algum exerce a medicina?
O fato absurdo de que um homem, vítima de mal súbito nas ruas de Porto Alegre, ter falecido em razão exclusiva da demora de socorro do SAMU (do total de onze, nove ambulâncias estavam em circulação) alcançou o noticiário nacional das redes televisivas.
Estive baixado, desde domingo último, no Complexo Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia para um procedimento emergencial. Permaneci quatro dias no SO (Setor de Observação), junto a outros pacientes em similares condições simplesmente porque não havia leito! Tenho IPE e mais dois planos de Assistência Médica (Saúde Pas e Unimed).
Durante esses dias, pude refletir na comparação de minha privilegiada condição com a dos pacientes do SUS, que permanecem (e continuarão permanecendo) jogados, despejados atirados, estendidos, esquecidos, humilhados sob parcos colchonetes (quando os têm), nas condições mais subumanas de higiene, alimentação e cuidados.
Falta de médicos? Não! Falta de profissionais competentes na área da saúde? Não! Falta, isso sim, de uma visão mais generosa e honesta, imune ao vírus dos interesses genuinamente eleitoreiros do Governo Federal, do Ministério da Saúde para o bem maior do ser humano: a vida e o respeito à dignidade de todo o cidadão.
Morre-se, sim, em qualquer hospital. Morre-se no Hospital Municipal de Arapiraca, nas valorosas Santas Casas de Misericórdia do Brasil, no Hospital Moinhos de Vento, no Hospital de Base de Brasília, no Hospital das Clínicas de São Paulo. Morre-se, sim, no badalado Hospital Sírio Libanês, mesmo os “vasos ruins”, ainda que retornem, tantas quantas vezes se fizerem necessárias, e encontram à inteira disposição a suíte presidencial.