Colunistas

Um sonho de luz, cultura e… festa

(Para Ana Maria e Erner Machado.

Que não renunciem a este sonho)

O casal de vizinhos viera se despedir. Viajariam a Europa. No olhar sonhador dos meus oito, nove anos, disse-lhes que de Paris eles jamais esqueceriam. Que audácia do moleque, sem conhecimento de causa, expressar categórica sentença!

Passado o mês, o presente: meu primeiro “souvenir”, a pequena réplica em bronze da torre Eiffel. E, naquele momento, fiz o juramento: conheceria Paris!

Vinte anos após, sob o manto do regime de exceção que, sob a égide do Decreto-Lei 1470, de 04 de junho de 1976 (Depósito Compulsório), buscava de todas as formas coibir o êxodo de brasileiros para o exterior, voava – e isento da ditatorial tributação – rumo ao Velho Continente para participar de um Congresso de Direito.

Paris vivia a efervescência de simpósios, feiras internacionais de moda, salão de automóveis e congressos de todas as profissões possíveis e imagináveis. O hotel previamente reservado valeu-se da expressão overbboking (prática usual na aviação civil mundial e acontece com base na estimativa de ausências das companhias. Com essa prática, passageiro com reserva confirmada corre o risco de chegar ao aeroporto e não encontrar lugar disponível). Em razão disso, o grupo de gaúchos viu-se realocado para um imenso e antigo hotel, em estilo neoclássico, com extensos corredores, nas proximidades da Praça Pigalle.

Marinheiros de primeira viagem, desconhecíamos a relação Hotel/Praça Pigalle, o que veio a acontecer, em plena madrugada. Três advogadas foram despertadas, com batidas na porta do seu quarto e a voz da francesa informando C’est fini, c’est fini… Desnecessário dizer que “população” frequentava o dito hotel, do qual disparamos, na tarde seguinte, para outro, bem mais tranquilo, não longe da Catedral de Madeleine.

Mas Paris é eternamente luz, cultura e festa. Um permanente brinde à vida! Louvre, Sacré-Coeur de Montmartre, Quartier Latin, Sorbonne, Ile de La Cité, o Sena e suas pontes. Paris, efetivamente, como cantava Piaf, é o universal Hino ao Amor.

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