Meu cáustico humor de cada dia – Sergio Agra

Sergio Agra

MEU CÁUSTICO HUMOR DE CADA DIA

Uma querida, antiga e muito próxima amiga afirma por repetidas vezes que eu ofendo as pessoas. Nisso ela faz alusão à maneira com que manifesto nos textos que escrevo o meu senso de humor, minha habilidade — ou não! — de quem aprecia situações cômicas e é capaz de fazer com que outros se divirtam de uma situação qualquer.

Entendo as pessoas como adultas. Critico-as e alguns acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. Cada qual que a julgue. E ninguém está ileso de cometer uma estupidez. Acho que quem ofende aos outros é o cronista em cima do muro, que não põe a cara à tapa, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico, é ácido. Pode ser desagradável, mas é uma forma de respeito, ou, até a irritação do amante rejeitado.

O “puxão de orelha” de hoje foi decorrente do que pretendeu ser meu agradecimento a todos que carinhosamente lembraram e manifestaram-se pelo transcurso de mais um aniversário. Quis, nos moldes do meu senso de humor — sarcástico, mordaz, sardônico, satírico, trocista, não importa! — sair do lugar comum, do clichezão. “AGRAdeço principalmente aos que NÃO lembraram, mas também aos que evocaram que completei um ano de menos” — seria a minha maneira leve de dizer “Obrigado!”.

Minha “corregedora”, no entanto, supôs que o fragmento “…principalmente aos que NÃO lembraram…” pudesse ser ofensivo àqueles que, por razões que dispensam qualquer explicação — a ninguém é defeso a natural distração — pudessem ser “vítimas” do esquecimento.

Aí lembrei José Alberto Santos Silva, meu amigo, irmão e confrade de atrevimentos literários, cujo estilo surreal e de ferino humor do qual sou entusiasmado tiete e buscador de mínima semelhança, teci uma arrogante, porém unicamente hilária observação: — “Nossa sintonia intelectual, sem desdouro aos demais escribas de plantão, vibra em AM, isto é, Altíssima Frequência, e eles, para não parecerem indelicados e enciumados, dizem: ‘Muito bom! Bela história!”. Seremos nós a reencarnação de van Gogh, e só venderemos nossos “quadros” após a nossa viagem no trem com destino à Cidade de Prata? Que isso não nos induza a decepar a orelha!”“.

Como conheço o Zé Alberto há mais de meio século, tenho a certeza de que continuaremos com o nosso surrealismo, o nosso humor cínico e escrachado.

O mais importante: — Garanto que não iremos arrancar as orelhas!

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